Opinião

As migalhas da Fifa para a América do Sul na Copa do Mundo de 2030

O centenário da Copa do Mundo será celebrado parcialmente onde tudo começou A Copa do Mundo completará 100 anos em […]

As sedes da Copa do Mundo de 2030

Foto: Fifa/divulgação

O centenário da Copa do Mundo será celebrado parcialmente onde tudo começou

A Copa do Mundo completará 100 anos em 2030, gerando uma expectativa natural sobre a celebração do maior evento esportivo. A festa onde tudo começou, ainda na era da Taça Jules Rimet e com registros em preto e branco, seria um caminho natural e importante para o contexto histórico da competição organizada pela Fifa.

E tudo começou no Uruguai, com a cidade de Montevidéu recebendo todos os jogos em 1930. Pelo aspecto econômico, o Uruguai não teria como repetir o que fez o Catar em 2022, ainda mais numa edição com 48 países, em vez de 32. Por isso a candidatura sul-americana foi concebida de maneira plural.

Em 2009 surgiu uma candidatura dupla envolvendo Uruguai e Argentina, dando mais sentido ao pleito junto à Fifa. De lá pra cá ocorreram algumas revisões, com a proposta recebendo mais dois países, Paraguai (em 2017) e Chile (em 2019). Em março deste ano a Conmebol chegou a apresentar o modelo definitivo, com 18 estádios espalhados nos quatro países.

Entretanto, a disputa pela sede de 2030 já estava apertada desde que a principal candidatura europeia, formada por Espanha e Portugal, incorporou o Marrocos, tendo três países, como já será em 2026 – com EUA, Canadá e México. A diferença foi na junção de duas confederações continentais, a Uefa da Europa e a CAF da África.

No papel, três continentes. À vera, apenas dois

A união foi basicamente um xeque-mate em termos de votação no congresso da Fifa, além do apelo estrutural e logístico, sendo um torneio mais “central” para o futebol. Ainda assim, o pioneirismo em 1930 seguia tendo importância, com o surpreendente anúncio em 4 de outubro de 2023 confirmando seis países no Mundial. Seis?

Apesar da comemoração do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, em suas redes socias, a verdade é que sobraram migalhas para a América do Sul. Dos 104 jogos programados para o Mundial centenário, apenas três serão do lado de cá do Oceano Atlântico, um em cada país selecionado. Até mesmo a abertura no Estádio Centenário, o único palco confirmado, foi reduzida dias depois do anúncio das sedes.

Oficialmente, como a Fifa já passou a tratar, as sedes são Espanha, Portugal e Marrocos, com três jogos especiais em outros locais. No Uruguai por ter sido o primeiro país-sede e primeiro campeão, na Argentina por ter sido finalista na mesma edição, e no Paraguai por ser a sede administrativa da única confederação que existia na época. Perceba que o Chile rodou bonito nessa história.

Fifa não repetiu o erro das Olimpíadas, mas quase

O primeiro jogo deste Mundial, que corresponderá à 24ª edição, será em 8 de junho de 2030, com a cerimônia de “Celebração do Centenário” na capital uruguaia. O evento oficial de abertura, como conhecemos, será já num dos países realmente escolhidos como sede, em 13 de junho. Daí até 21 de julho, quando será disputada a Taça Fifa, a bola só vai rolar do outro lado mesmo.

Ainda que a Fifa não tenha feito como o Comitê Olímpico Internacional (COI), que através de uma votação bem questionada na época viu o centenário das Olimpíadas, em 1996, ir para Atlanta em vez de Atenas, que recebeu os Jogos de 1896, a decisão para agradar todo mundo não agradou todo mundo. Confirmar as vagas dos três sul-americanos no torneio, sem a necessidade das Eliminatórias, também soa como obviedade, sendo outra migalha num qualificatório com até sete vagas para dez países!

Além disso, a entidade já impossibilitou uma candidatura mais madura em 2034 ao colocar três jogos na América do Sul em 2030, devido ao rodízio de continentes. Portanto, ao “celebrar” o centenário da Copa desta forma, a Fifa na verdade inviabilizou uma Copa do Mundo de verdade no nosso continente até 2038, no mínimo…

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