Vôlei

Com atletas no topo, times crescendo e grandes torneios, vôlei do Nordeste vive momento de relevância

Equipes de Recife e Fortaleza brigam pelo acesso à Superliga 2024/25 Após vários anos fora do foco do vôlei nacional, […]

Glauciene Peixoto/Recife Vôlei; Dhavid Normando/FV Imagem/CBV

Equipes de Recife e Fortaleza brigam pelo acesso à Superliga 2024/25

Após vários anos fora do foco do vôlei nacional, o Nordeste vive um momento de recuperação nesse esporte. Nos últimos anos, a região voltou a receber grandes competições, viu equipes voltarem a aparecer no cenário nacional e teve atletas se consolidando na elite mundial.

Neste início de ano, o foco está no Recife. A capital pernambucana foi palco de etapas dos Circuitos Brasileiro e Mundial de Vôlei de Praia na duas última semanas e receberá as finais da Superliga em abril. Antes disso, a cidade ainda poderá ter uma equipe promovida à elite, com o Recife Vôlei disputando a semifinal da Superliga B Feminina. Na Masculina, quem busca o acesso é o Rede Cuca, de Fortaleza, última equipe da região a jogar a aparecer na Série A, no ano passado.

A sequência de torneios de quadra no Nordeste começou em 2015, com o Sul-Americano Masculino em Maceió. Nos três anos seguintes, Fortaleza recebeu quatro disputas da Supercopa, duas em cada gênero. E, desde 2021, o Recife vem sendo o centro das atenções, com a Supercopa Masculina, os dois Sul-Americanos e, agora, as decisões da Superliga.

Nas areias, as disputas do Circuito Mundial de Vôlei de Praia estavam longe desde 2016, quando Maceió e Fortaleza receberam etapas. O retorno aconteceu no ano passado, com um Elite16 (principal categoria do circuito) em João Pessoa. Neste ano, Recife e João Pessoa sediam Challenges (segunda categoria mais importante). Também estava previsto um Elite16 para Natal, mas ele foi reagendado para Brasília.

Esse retorno das competições à região foi comemorado pelo prefeito do Recife, João Campos (PSB). “Garantir essas competições de alto rendimento no Nordeste é muito importante. O esporte tem a capacidade de juntar as pessoas, de trazer o que há de melhor. Que a gente possa utilizar o esporte para isso, trazer mais visibilidade para a região, investimento, que a gente não veja competições de elite só no eixo Sul-Sudeste, mas que possa trazer. Eu fico feliz quando vejo João Pessoa fazendo, Natal, Fortaleza, Salvador”.

O Nordeste na Superliga de Vôlei

Na Superliga Masculina, o Nordeste só teve representantes em 2021/22, com o Funvic Natal, e no ano seguinte, com o Rede Cuca. No naipe feminino, por sua vez, Sport (3) e Maranhão Vôlei (2) já passaram temporadas na elite, mas não há nenhum clube da região por lá desde 2014/15, quando o time de São Luís foi rebaixado.

Agora, a região pode ter um retorno em dose dupla em 2024/25. O Recife Vôlei está na semifinal da Superliga B Feminina, enquanto o Rede Cuca disputa as quartas da Masculina. Nos jogos de ida, as duas equipes perderam contra Brusque e Maringá, respectivamente, mas terão o mando nos dois jogos restantes da sequência melhor de três. Os finalistas dos dois naipes garantem vaga na elite na próxima temporada.

Jogadores do Rede Cuca em jogo da Superliga B 2024
Rede Cuca quer retornar à elite do vôlei nacional após um ano – Divulgação/Rede Cuca

Além disso, o Vôlei Natal garantiu a permanência nos dois naipes da Superliga B e a expectativa é de aumento da representação nos próximos anos. Isso porque o campeonato deve ser ampliado de 12 para 14 equipes em 2025, chegando a 16 a partir do ano seguinte.

Em visita ao Recife, o presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Radamés Lattari falou sobre a importância do acesso. “O público do Recife tem o compromisso de apoiar a sua equipe, que está disputando as semifinais da Superliga B. Entre uma competição e outra, o Recife tem a possibilidade de colocar a sua própria equipe nas finais e, no ano que vem, participar da Superliga A. Isso faria com que todas as principais equipes do nosso país viessem jogar aqui pelo menos uma vez”.

O legado do vôlei

Os reflexos da consolidação dessas equipes e da realização desses torneios, porém, vai muito além dos jogos. Os trabalhos envolvem desenvolvimento de categorias de base, incentivo à prática esportiva, atração de crianças e jovens ao vôlei e capacitação profissional. O presidente da Federação Pernambucana de Vôlei (Fevepe), Luis Antônio da Silva, o Lula, explicou.

“O Recife Vôlei, tá para se classificar para a Superliga A do ano que vem e já gerou frutos, por exemplo, na categoria de base, que a gente tem duas atletas convidadas para fazer parte do laboratório da Seleção Sub-17.E em paralelo a tudo isso, está funcionando uma clínica de vôlei de praia, no Geraldão com aulas teóricas, além de aulas práticas na própria arena (do vôlei de praia). A gente tem aí 40, 50 profissionais que então se capacitando. Você atende ao público, não só criança, como o adulto, o professor, o torcedor”.

O trabalho de base e o pensamento de um legado para a cidade também ganham força nos projetos de Fortaleza e Natal. O Rede Cuca tem grande apoio governamental, já que surge justamente na rede de proteção social mantida pela Prefeitura de Fortaleza com foco em atividades culturais, esportivas e educacionais para jovens da cidade. Hoje, crias locais já integram o time treinador pelo campeão olímpico Marcelo Negrão.

No time potiguar, legado também é uma palavra chave. Recentemente, Natal sediou dois projetos de relativo sucesso: o Aero e o Funvic Natal. Mas nenhum desses surgiu de pessoas da cidade ou deixaram frutos concretos depois que encerraram as atividades. Assim, a criação de uma estrutura mais sólida de vôlei no Rio Grande do Norte é uma das premissas do projeto do Vôlei Natal, campeão da Superliga C nos dois naipes no fim de 2023.

Os nordestinos na elite do vôlei

Tainá em jogo do Challenge do Recife no Circuito Mundial de Vôlei de Praia
Sergipana Tainá faz parte da 3ª melhor dupla brasileira no ranking mundial – Divulgação/Beach Volleyball World

Quando falamos em atletas, uma nordestina ocupa no topo. Ao lado da mineira Ana Patrícia, a sergipana Duda Lisboa faz parte da dupla nº 1 do ranking mundial de vôlei de praia e já tem vaga garantida em Paris-2024. Entre os homens, também temos um nordestino no topo nacional, com o paraibano George Wanderley, 5º no ranking mundial ao lado do capixaba André Stein.

George repercutiu sobre a importância dos grandes eventos de vôlei de praia no Brasil. “É muito importante, não só para o Nordeste, mas para o Brasil como um todo. Dá muita oportunidade da nova geração aparecer, porque não é todo mundo que desce para o Brasil, é distante. Eles acabam às vezes optando por não vir e isso abre vagas, deixa o pessoal mais novo, que não tem tanto ponto para o Circuito Mundial, participar, sentir o clima, ver o pessoal jogando. É totalmente diferente do Circuito Brasileiro”.

A sergipana Tainá Bigi, que faz a 3ª principal dupla brasileira no ranking mundial ao lado da sul-mato-grossense Victória, comentou sobre de jogar mais perto de casa. “Jogar no Brasil é sempre incrível e no Nordeste é melhor ainda. A gente pode contar com a torcida de conterrâneos, pessoas próximas. Isso é muito legal até para as nossas cidades. Além de trazer o vôlei de praia a nível nacional, você traz a nível mundial. Isso incentiva cada vez mais o vôlei de praia e o próprio esporte no Nordeste. Só valoriza”.

George também comentou sobre esse incentivo para quem não é atleta (ainda). “Acho que incentiva até os pequenos, você vê pessoas de todos os países. Às vezes a pessoa nem gosta tanto de vôlei, mas vem aqui, vem assistir, gosta do espetáculo e acaba tomando gosto pelo esporte. É um incentivo tanto para a nova geração, que já está disputando o circuito nacional, quanto para quem nem no vôlei está”.

Questionado sobre ser uma referência para outros atletas de região, George refletiu sobre o contato entre atletas. “Eu já estive do outro lado, já fui um moleque. Jogo vôlei de praia desde que eu me conheço como gente, sempre gostei e sempre tive esse contato com alguns nomes do Brasil, Ricardo, Harley, Bruno de Paula, que são renomados Circuito Mundial afora, vários são Hall da Fama. Agora eu estou nesse outro lado, de incentivar essa nova geração, ajudar”.

Ele continuou. “É até engraçado, porque tem muita escolinha onde a gente treina em João Pessoa e o pessoal às vezes para pra assistir o treino da gente. É bem bacana se sentir assim, desse outro lado, acho que isso é muito importante para fomentar o esporte, você ter essa proximidade, ter dupla de todas as regiões, duplas muito bem no Circuito Mundial, justamente para se ter esse contato, ver que a gente é gente normal e até, às vezes, receber uma dica, alguma coisa assim”.

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