
Reunião de apresentação da SAF no Conselho Deliberativo do Galo (Foto: João Viegas/Atlético-MG)
Conselho do Atlético-MG confirmou a adesão do clube à modalidade empresarial
O Galo agora é SAF. Em um dos momentos mais importantes de sua história, o Atlético-MG e teve a proposta de se transformar em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) aprovada nesta quinta-feira (20). Para que a adesão fosse confirmada, era necessária a concordância de dois terços do Conselho Deliberativo, o que representava 273 conselheiros aptos. O número já foi alcançado, mas a votação segue aberta até às 18h da sexta-feira (21).
Desde o início de sua formulação, a ideia de tornar o Galo um clube-empresa vem dividindo opiniões entre torcedores e dirigentes. Crise financeira, velocidade da tramitação e autonomia do clube são alguns dos temas que costumam rondar a discussão. Entenda, a seguir, tudo que está em jogo com a aprovação da SAF no Atlético Mineiro.
Como o Atlético-MG chegou à votação da SAF?
O Galo enfrenta uma crise financeira sem precedentes. As dívidas acumuladas pelo clube mineiro representam o maior passivo já registrado na história do futebol brasileiro. O déficit envolve empréstimos bancários, impostos, fornecedores, operações de crédito, entre outras origens, que acumulam mais de R$ 2 bilhões. A balança financeira desequilibrada possui ainda outras causas, como a queda na arrecadação dos direitos de transmissão das competições em que o clube foi eliminado, além da folha salarial elevada.
Nesse contexto, a transformação do clube em uma empresa, através da modalidade de Sociedade Anônima do Futebol, surgiu como uma possibilidade de angariar recursos de investidores e buscar a reestruturação das contas. Os detalhes da proposta foram apresentados pelo CEO do Atlético-MG, Bruno Muzzi, em reunião do Conselho Deliberativo no último dia 30 de junho. A votação ficou marcada para acontecer nesta quinta (20) e sexta-feira (21), de modo presencial e virtual, com 409 conselheiros aptos a participar.
Como será a gestão do Galo com a aprovação da SAF?
Na proposta aprovada, 75% do clube passa a ser comandado pela Galo Holding, que se divide da seguinte forma: 78% pertencerá ao chamado 4R’s (Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador), grupo de empresários que já investia no clube, inclusive tendo cargos de direção; e o restante dividido em dois fundos de investimento, cada um com 11% de participação. Já os outros 25%, permanecerá com o Clube Atlético Mineiro na forma atual de associação sem fins lucrativos.
A nova empresa formada também ficará responsável por 30 anos pela administração de diversos bens do clube, materiais e imateriais, como direitos de propriedade intelectual, uso dos símbolos do clube, direitos dos atletas de todas as categorias, além da Cidade do Galo e da Arena MRV.

Quais os valores envolvidos nesta transação?
O valor estipulado para a negociação da SAF do Atlético-MG foi de R$ 2,1 bilhões. A Galo Holding realizará um aporte inicial de R$ 913 milhões, sendo R$ 313 milhões utilizados para quitar uma dívida anterior do clube com os empresários Rubens Menin e Ricardo Guimarães. A diferença de R$ 600 milhões entrará diretamente no caixa do Galo, sendo R$ 400 milhões vindos do grupo de empresários 4R’s e mais R$ 100 milhões de cada um dos dois fundos de investimento envolvidos na transação.
O que dizem os contrários à SAF do Atlético-MG?
Uma parcela da torcida atleticana não concordou com a adesão do clube à SAF, ou pelo menos não da forma como o processo se desenrolou. Uma carta intitulada “Manifesto da Massa” foi divulgada nas redes sociais, cobrando maior transparência e mais tempo de discussão entre os interessados. O fato dos principais integrantes da Galo Holding já participarem da atual administração do clube também foi ressaltado pelos torcedores.
Outro grupo se reuniu na área externa da sede administrativa alvinegra para protestar, com faixas e cantos entoados contrários à aprovação. Paulo Nehmy, conselheiro benemérito do clube, chegou a acionar a justiça para tentar adiar a realização da votação no Conselho Deliberativo. Porém, o pedido foi indeferido pela 23ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte. A ação alegava conflito de interesses dos envolvidos na negociação, além de solicitar maior prazo para apreciação da documentação.
🎥 Conselho do Galo aprova a maior SAF do Brasil.#GaloPaixãoNacional 🏴🏳️ pic.twitter.com/1MZ9C9Qebw
— Atlético (@Atletico) July 21, 2023
Quais são os próximos passos após a SAF do Galo aprovada?
O processo agora segue os trâmites de abertura de uma empresa comum de Sociedade Anônima. Com a documentação necessária recolhida, a criação deve ser formalizada na Junta Comercial com a presença das partes interessadas. Após a constituição da sociedade, com CNPJ próprio, o clube vai poder emitir as ações que serão distribuídas entre os sócios. É preciso ainda se submeter à aprovação de entidades reguladoras, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). A previsão é de que o aporte de R$ 600 milhões entre no caixa atleticano no início de outubro deste ano.