NFL Draft
Uma carreira no futebol americano é o sonho da vida de milhões de jovens, não só nos Estados Unidos. Mas existe uma porta de entrada importante para a principal liga desse esporte: é o NFL Draft.
Nesse evento anual, as franquias da NFL escolhem os melhores talentos do futebol universitário e de outras ligas para se reforçar na temporada seguinte.
Mas isso não significa que o NFL Draft seja uma reunião de donos de times falando sobre jogadores.
O evento é um verdadeiro espetáculo que atrai atenção dos fãs todos os anos. Mas o processo para a seleção de jogadores começa muito antes da escolha final, com anos de observação, distribuição da ordem de escolha e mais.
E é assim que os times do futebol americano abrem espaço para os nomes que vão brilhar com a bola oval algum dia.
Nos Estados Unidos, as franquias não possuem divisão de base propriamente dita e esse papel de revelação e desenvolvimento esportivo é realizado principalmente nas universidades, o que explica a importância do NFL Draft para o esporte.
Esse processo de Draft também acontece em outros esportes dos Estados Unidos, como na NBA (basquete), na MLB (beisebol), na NHL (hóquei sobre gelo) e até na MLS (futebol). Mas o NFL Draft é o mais antigo de todos e, também, o mais imprevisível.
Tentar entender as prioridades e planejamentos dos chefes das 32 equipes não é tarefa fácil.
História do NFL Draft
Mas tudo isso começou há quase 90 anos. A primeira edição do NFL Draft aconteceu em 1936, 30 anos antes da unificação das duas conferências que compõem a liga atualmente:
NFL e AFL. A ideia nasceu do general manager do Philadelphia Eagles, Bert Bell.
Antes disso, da criação do NFL Draft, a liga era dominada por algumas equipes, como Chicago Bears, Green Bay Packers e New York Giants.
Assim, as franquias mais distantes da disputa do título, como o Eagles, tinham dificuldade para atrair os grandes talentos, aumentando a disparidade e a dominância das equipes de cima.
Então, Bell propôs a criação do draft, que funciona como uma forma de garantir os mesmos direitos de captação de talentos para todos os times e aumentar a competitividade da liga.
Naquele momento,o NFL Draft contou com nove equipes e cada uma fazendo nove escolhas. O primeiro jogador draftado na história foi o running back Jay Berwanger.
Desde então, a liga se expandiu, a tecnologia avançou e o NFL Draft se tornou mais importante e estruturado dentro do sistema do futebol americano.
Hoje, são 32 times da NFL, duas conferências, três dias de draft e pelo menos 256 jogadores selecionados a cada temporada nesse processo de recrutamento para a elite do futebol americano.
Como funciona o NFL Draft
Antes do processo de seleção em si, a estrutura do NFL Draft começa com o Combine da NFL. Essa etapa é uma avaliação que os jovens passam antes das decisões dos times.
O processo envolve medições, entrevistas, exames e testes físicos e mentais. Mas a avaliação das equipes técnicas dos times da liga não acontecem apenas aí.
Os times analisam os destaques ainda durante as ligas universitárias e inferiores e, depois do Combine, acontecem exercícios nas universidades de cada atleta.
São os Pro Days, que também envolvem trabalhos dos prospectos de forma privada com casa franquia. Essas etapas funcionam como avaliação de talentos, antes dos times fazerem suas escolhas.
Passadas as análises, chega a hora da escolha. O NFL Draft tem sete rodadas, realizadas ao longo de três dias.
Em teoria, cada equipe tem direito a uma chamada por rodada, mas esse número nunca é exatamente esse. No primeiro dia, acontecem as escolhas da primeira rodada, com a seleção dos principais prospectos da temporada.
Nessa rodada, as equipes têm 10 minutos para anunciar a escolha. Se o tempo for estourado, a franquia seguinte pode fazer sua chamada, O time anterior, que não fez sua escolha, pode selecionar alguém quando quiser.
O segundo dia é reservado para a segunda e a terceira rodada, com sete e cinco minutos para cada seleção, respectivamente.
No último dia acontecem as quatro rodadas finais. Até a sexta, são cinco minutos, caindo para quatro na sétima e última. Também é nos dois últimos dias que acontecem as escolhas compensatórias.
A partir daí, os selecionados passam a fazer parte dos times da NFL e iniciam a preparação para a temporada, que começa cerca de quatro meses depois.
Quem não foi escolhido por nenhuma equipe ainda pode entrar na NFL. Esses jogadores podem ser contratados como agentes livres novatos, caso algum time tenha interesse neles além das sete rodadas de escolha.
Os salários e durações de contrato para os jogadores escolhidos e não escolhidos no NFL Draft são pré-estabelecidos pela liga.
Ordem de Escolha
Mas um fator crucial nesse processo é a ordem de escolha. Afinal, o time que escolhe primeiro leva a vantagem sobre o 32º a participar do NFL Draft. E a ordem é simples de montar.
O time de pior campanha na temporada anterior começa a escolher e a lista segue da pior até a melhor, com o atual campeão do Super Bowl fazendo a escolha por último.
Em teoria, essa seria a ordem de escolha em cada uma das sete rodadas de seleção de jovens promessas. Mas esse ordenamento nunca é tão simples, já que as equipes utilizam as escolhas do NFL Draft como moeda de troca.
As negociações podem buscar uma posição melhor no draft, escolhas futuras ou jogadores para reforçar o elenco.
Assim, as trocas podem acontecer tanto por antecedência, até anos antes daquele draft, até o dia da seleção de jogadores.
Essa é uma das grandes curiosidades do Draft. Além de saber quem será o primeiro escolhido, posto de maior prestígio no processo de recrutamento, a ordem dos times da NFL a fazerem sua escolha também é um mistério.
Além dessas trocas, há outro elemento importante na estrutura do NFL Draft: as escolhas compensatórias.
Esse mecanismo não pode ser envolvido em trocas e serve para repor os desfalques dos times da NFL que perderam jogadores importantes durante o período de agente livre. Assim, as equipes podem ganhar escolhas adicionais nas cinco rodadas finais.
Estratégias das Equipes
Ao longo de todo o processo de recrutamento, desde a avaliação de talentos até a seleção de jogadores em si, os times da NFL percorrem percursos diferentes. Isso passa muito pelas necessidades e estratégias.
É importante saber quem escolher, até porque um futuro ídolo pode vir a qualquer momento.
O maior exemplo é Tom Brady. O ex-quarterback, maior campeão da história da liga, entrou como escolha compensatória na sexta rodada do NFL Draft de 2000.
Ele foi apenas o 199º nome chamado no processo de recrutamento antes de fazer história no New England Patriots. Mas, no geral, os top prospects, jogadores mais promissores, saem ainda no início.
Quando isso não acontece e os jogadores sobre quem havia uma grande expectativa acabam ficando mais para o fim do NFL Draft, se dá o nome de “steal”, ou “roubo”, em tradução livre.
Isso porque o time da NFL conseguiu o reforço promissor com mais facilidade do que se imaginava. Mas o contrário também pode acontecer.
Equipes que queiram preencher carências específicas nos seus elencos ou que decidam apostar mais inusitada podem dar uma vaga a algum jogador bem antes do que se esperava.
Isso recebe o nome de “reach”, ou, traduzindo, “alcance”. Assim, muito além de escolher primeiro, o mais importante é escolher o nome certo.