Opinião

O bonde da história perdido pelo Botafogo em 2023

O Botafogo chegou a liderar o Brasileirão com folga, mas a queda acentuada no rendimento acabou sendo a verdadeira história […]

Botafogo 3 x 4 Palmeiras pela Série A

Imagem: Rede Globo/reprodução

O Botafogo chegou a liderar o Brasileirão com folga, mas a queda acentuada no rendimento acabou sendo a verdadeira história do clube na temporada

Ao empatar em 0 x 0 com o Cruzeiro num Nilton Santos já morno em termos de público, o Botafogo encerrou a 37ª rodada com dez jogos de jejum, num derretimento de campanha como nunca se viu no Campeonato Brasileiro. É algo literal. Outrora líder disparado, com direito ao melhor primeiro turno nos pontos corridos com 20 clubes, somando 47 dos 57 pontos possíveis, o clube carioca perdeu força, vacilou na troca de comando técnico e errou em momentos cruciais na competição, acabando sem chance alguma de título a uma rodada do fim.

Na virada do turno, o Botafogo tinha 13 pontos a mais que o Palmeiras, 14 a mais que o Grêmio, 15 a mais que o Flamengo e 20 a mais que o Atlético-MG. Após um returno bizarro, o clube adquirido por John Textor foi ultrapassado por esses quatro times, que sequer eram concorrentes de fato em meados de agosto. Assim, foi para a última rodada em 5º lugar, ameaçado até de perder a vaga direta na fase de grupos da próxima Taça Libertadores. Independentemente do resultado na última rodada da Série A, a simples saída do G4 num campeonato no qual liderou durante 33 rodadas já expõe o traumático episódio vivido pelo Botafogo e sua gente.

Liderança, convocações e virada de chave

Tida como torcida mais desconfiada do país, com direito à expressão “tem coisas que só acontecem com o Botafogo”, nada chegava a tanto até então. É verdade que o início da campanha nacional foi surpreendente, já que a Estrela Solitária havia ido muito mal no Campeonato Carioca de 2023, ficando em 5º lugar. Porém, o encaixe foi rápido, com duas peças contratadas quase sem custos rendendo num nível absurdo na primeira metade da Série A. Tanto que o goleiro Lucas Perri e o zagueiro Adryelson chegaram a ser convocados para a Seleção Brasileira pelo técnico Fernando Diniz. Ali, era um sinal claro de força e técnico, com as vitórias, no Rio e fora do Rio, vindo de todo jeito.

O técnico português Luís Castro saiu pouco antes do fim do primeiro turno. Seria possível manter a postura? Ao que parece, não. Depois, o time teve quatro treinadores, os efetivos Bruno Lage e Tiago Nunes e os interinos Cláudio Caçapa e Lúcio Flávio, que esteve à frente da consumação da grande derrocada, com duas derrotas pesadas no Rio em novembro. No dia 1, abriu 3 x 0 no Palmeiras e perdeu de 4 x 3. No dia 9, abriu 3 x 1 no Grêmio e perdeu de 4 x 3. Contra os gaúchos, a confiança já estava abalada, pois ainda havia perdido o clássico contra o Vasco no dia 6. A repetição do roteiro foi uma crueldade de um destino que ainda parecia pouco crível.

“Aquele ano do Botafogo…”

O jogo-chave foi mesmo diante do alviverde paulista. Ali, mesmo com um jogador a menos, o Botafogo ainda teve um pênalti a favor aos 37 minutos do segundo tempo. Era a chance de fazer 4 x 1. Artilheiro do time, Tiquinho Soares parou no goleiro Weverton, com a reação do Palmeiras sendo fulminante. Inclusive para alcançar a liderança e um título quase certo na mesma 37ª rodada em que Botafogo disse adeus ao sonho. No fim das contas, acabou sendo mesmo um pesadelo. Futuramente, remeter este ano ao Botafogo, como a grande história do campeonato, não vai arrefecer absolutamente nada. Pelo contrário, o pênalti no canto esquerdo do goleiro palmeiras tende a ser uma memória mais forte, daquelas que dão até um frio no peito.

Falando nisso, observando com frieza, o time não era nem de perto um candidato real ao título brasileiro antes do início da edição de 2023. Ainda num processo de reorganização após a implantação da SAF, o clube parecia mais interessado em se firmar na primeira divisão – após o acesso em 2021. Ocorre que no futebol as histórias são escritas por inúmeros caminhos, personagens e uma alguma dose de aleatoriedade. Da forma como largou, então, o sonho de voltar a ser campeão brasileiro depois de 28 anos, e seria apenas o seu terceiro na elite, é difícil compreender (e até aceitar) o cenário definido no apito do árbitro Wilton Pereira Sampaio.

Em vias normais, com Flamengo e Palmeiras bilionários e outros clubes mas cascudos na Série A, não será fácil para o Botafogo ter uma chance tão grande quanto esta de ser campeão nos pontos corridos. Mesmo entendendo a existência das “incertezas” no futebol, o bonde da história demora a passar e o próprio jejum do clube mostra isso. Mais que do nunca, o Botafogo terá que ser resiliente. Inclusive para desfrutar a participação na Libertadores de 2024, num novo sonho.

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