
Foto: Lucas Figueiredo/CBF
A convocação para o Mundial 2023 da categoria juvenil teve apenas clubes brasileiros. Ao todo, foram 10 times lembrados
O treinador Phelipe Leal convocou 21 jogadores para a Seleção Brasileira que disputará a Copa do Mundo Sub 17, na Indonésia, com jogos programados entre novembro e dezembro. Num futebol tão globalizado, e com o mercado ainda em expansão, conforme visto recentemente pelos milhões de dólares despejados pela Arábia Saudita, é um tanto curioso ver um grupo inteiramente formado por atletas em atividade no Brasil. Mesmo para a categoria juvenil.
A lista de convocados tem como base o Palmeiras, com seis convocados, mas também teve um nome do Sport, o lateral-direito Pedro Lima, o primeiro na história do clube pernambucano. Atual campeão mundial da categoria, o Brasil tentará o pentacampeonato. Observando as convocações de outras categorias da seleção masculina, a última vez em que o Sub 20 foi ao Mundial tendo apenas jogadores de clubes brasileiros foi em 2009. Aquele time acabou vice-campeão, sendo derrotado por Gana nos pênaltis. Em 2023, a seleção júnior, que caiu na quartas de final, perdendo de forma vexatória para Israel, teve cinco convocados do exterior, incluindo dois que jogam na Inglaterra – Matheus Martins do Watford e Marquinhos do Norwich.
A história começou a mudar há 41 anos
Indo além, até a seleção principal, este cenário já ficou bem no passado. Hoje, na verdade, o que chama a atenção é ver jogadores do Brasileirão presentes na Seleção. Na Copa do Mundo do Catar, numa convocação com 26 atletas, a maior até hoje, foram apenas três: Pedro e Everton Ribeiro do Flamengo e Weverton do Palmeiras. E olhe que esses dois clubes conquistaram as últimas quatro edições da Libertadores, com duas pra cada.
A última convocação para a Copa sem “estrangeiros” foi em 1978, quando Cláudio Coutinho chamou 20 nomes que estavam no país, incluindo três da Ponte Preta, que na época tinha, de fato, um dos melhores times do país. Foi algo tão distinto para o Mundial na Argentina, analisando com a “régua” do presente, que a lista teve até um jogador do Santa Cruz. O atacante Nunes foi chamado na lista final, mas se machucou e acabou cortado, sendo substituído por Roberto Dinamite, do Vasco. Pois é, o ídolo cruz-maltino havia perdido o lugar para o centroavante do tricolor pernambucano. E isso, na época, não foi um absurdo.
Hoje sem série no Campeonato Brasileiro, o Santa ficou em 5º lugar no campeonato daquele ano, com direito a 28 partidas de invencibilidade na competição – isso mesmo, 28. Eram outros tempos, com a mudança do perfil da Canarinha começando em 1982, com Falcão, da Roma, e Dirceu, do Atlético de Madrid, os “gringos” convocados para a Copa na Espanha.
A exceção na Seleção Brasileira Principal
Dali em diante, a fatia de atletas de clubes do exterior, sobretudo da Europa, só fez aumentar, até beirar a totalidade. Sobre isso, axceção fica pelas convocações restritivas, caso do Superclássico das Américas em 2011 e 2012, num duelo de ida e volta contra a Argentina que tinha como regra apenas “convocações nacionais”.
Voltando à Seleção Sub 17, é preciso destacar que a convocação “100% nacional” também não é regra. Em 2017, no Mundial juvenil realizado na Índia, o zagueiro Rodrigo Guth foi chamado quando já atuava na Atalanta da Itália. Ele foi negociado bem cedo pelo Coritiba. Só não foi mais cedo porque a lei brasileira é, ainda, uma barreira para isso. A assinatura de um contrato profissional no futebol só é permitida a jovens a partir dos 16 anos. Portanto, quase no limite da categoria juvenil.
Vale pontuar que o Brasil já tem convocações para a categoria infantil, o Sub 15, mas essa idade ainda não conta com torneios mundiais. Contudo, o perfil das listas é semelhante ao Sub 17, que basicamente repete os nomes dois anos depois. As composições dos elencos juvenil, júnior e adulto da Seleção Brasileira podem ser vistas como mera curiosidade, considerando a localização dos times, mas também servem para entender um processo gradativo na história do futebol brasileiro. É preciso se acostumar. Tanto a torcida brasileira quanto os próprios jovens, que saem cada vez mais cedo.